Sem categoria

TEMPO TRANSFORMADO EM ESPAÇO

“Todo o mundo moderno está errado ao sustentar que o tempo é a matriz do ser. O Buda, após sua iluminação, relembrou (todas) suas vidas passadas, o que significa que ele converteu o tempo em espaço.

As zonas temporais diferentes são modos sobrepostos ( como BIP, passado, presente e futuro) como camadas de transparências de um filme de animação (laminadas). Não vistos em sequência, mas como uma unidade de multi-sobreposição imutável, não mais em fluxo.

Ou será que à medida que cada laminação se sobrepõe, as anteriores (“o passado”) permanece?

(…)

Então eles não substituem um ao outro, mas são adicionados. Construindo, a enteléquia se montando; quando você vai para a etapa ‘y’ isso não abole a etapa ‘x’ nem ‘w’ antes de ‘x’; eles são adicionados à laminação: por assim dizer implodidos (oposto de um diagrama de ‘explosão’).

Sim; o tempo explode a realidade, a direção oposta da soma, da ‘implosão’ – ou o que pensei ser implosão; isso foi realmente uma laminação.

Então foi isso que fiz em Ubik – tempo corretamente representado espacialmente e o passado espacialmente dentro – literalmente dentro – do presente. E nesse processo acelerado (não importa como você ‘acelera’ eixos puramente espaciais) aparece a informação que está em toda parte e está consciente e que se constrói na mídia pop, nos comerciais de TV…”

A Exegese de Philip K Dick, Dezembro de 1979, Pasta 11.

遍在

ヴァリスの目の前で

五十二

Aleph Rofer

Sem categoria

ACOSMISMO

“Eu vejo como funciona. O mundo é irreal – não intrinsecamente – mas em relação a algo mais real, que tem o poder de tornar o mundo plástico.

Portanto, ver o mundo como irreal (ilusão) é (sem saber) ser elevado ao nível do Salvador, mesmo antes de saber que ele existe. Acosmismo* é, na verdade, uma visão parcial e nascente do Salvador e de sua realidade. Isso significa que, em meus escritos, meu grande tema do Acosmismo já é um caminho parcial para o Salvador.

Assim, o Acosmismo e a gnose não podem ser separados. A gnose dá poder sobre o mundo, revertendo seu poder coercitivo sobre você. O que o Salvador faz é apresentar a você uma demonstração prática e visível de (1) sua presença; (2) seu poder de reduzir a realidade do mundo a zero e, assim, revelar sua natureza hologramática ilusória dokos. E, finalmente, a pessoa sentirá a si mesma como um vórtice, sendo elevada a identidade com o Salvador (Zebra).

Não posso chegar a nenhuma outra conclusão. A realidade é um campo no qual nossos sentidos travaram falsamente e que agora nos coage e deve ser comprovadamente quebrado de fora de uma maneira que possamos testemunhar (‘Uma perturbação no campo da realidade, um vórtice’).”

A Exegese de Philip K Dick, Dezembro de 1979, Pasta 11.

* Filosofia de Baruch Spinoza que negava a existência do Universo Infinito ou da Natureza, considerando toda realidade existente como manifestação de Deus. A= prefixo de negação, Cosmo= universo, mundo.

遍在

ヴァリスの目の前で

五十二

Aleph Rofer

Sem categoria

EXPLOSÃO/IMPLOSÃO

(Shevirat HaKelim)

Se o eide* explodiu através do reino espaço-temporal, o mesmo deve ter acontecido ao Nous**: desintegrado aqui no reino quadrimensional; mas se o percipiente ascender desse mesmo reino pode ver o Nous re-coletado, reintegrado e, portanto, unitário, como realmente é.

O que estou dizendo é que os eide não explodiram; eles são explodidos em termos do reino espaço-temporal, se minha explicação é clara: visto que o reino quadrimensional é ilusório, a explosão, a fragmentação, é ilusória também. E, se isso é verdade para o eide, as Formas, também é verdade para o Nous: nossas falsas categorias de ordenação, de organização de tempo e espaço, explodem e estilhaçam o eide; e explodem e estilhaçam o Nous, mas este não é realmente o caso.

É por isso que é correto dizer que nosso reino quadrimensional e sua ordenação espaço-temporal são irreais. Se eles fossem reais, então os eide e o Nous teriam sido realmente explodidos e estilhaçados, mas eles não foram.

Ver o Nous reintegrado não é a reintegração do Nous, mas apenas a visão de que ele é e sempre será.

Foi isso que eu vi e chamei de Valis: Nous reintegrado em termos de minha percepção dele. Recolhido.

Nous explodido (aqui no reino quadridimensional) é Nous banalizado, como nos títulos dos capítulos em Ubik.

Nous re-coletado é como Ubik aparece no título do capítulo final, não mais banalizado, degradado em lixo.

Esta banalização*** é uma consequência da Queda deste reino, e novamente ilustra o que observei: as coisas não aparecem nesse reino quadrimensional como o que realmente são, e que, finalmente, Cristo fará o que chamo de ‘a grande reversão’, após o que não veremos mais o Nous (Deus) banalizado e explodido, mas como que revertido, sagrado, uma unidade como realmente é.

Enquanto isso, aqui, com as coisas aparecendo ao contrário do que são em essência, Nous está obscurecido, velado.

(…)

Valis era meu eu fragmentado “implodindo” de novo, as peças que explodiram no espaço e no tempo revertendo sua direção na enantiodromia**** e se recoletando para formar sua unidade original. Disto estou absolutamente certo; mas veja, isso também poderia ser um exemplo de um evento de física superior e por isso o tempo parecia fluir para trás; e o tempo em seu fluxo comum explodia a partir de mim ao longo de milhões de anos e de milhas…”

A Exegese de Philip K Dick, 24 e 25 de outubro de 1980.

*Idéias ou Formas Originais de todas as coisas. Arquétipos.

** Mente

*** Embora bits de informação estejam espalhados pelas religiões e filosofias (mesclados ao engano, só podendo então serem recuperados no centro de “explosão” que gerou o universo, vide próximo tópico), é no lixo degradado, na cultura pop dessacralizada que Deus está de fato. A Grande Reversão mostrará isso ao mundo, mas já revela hoje aos Predestinados, homens e mulheres incorporados à enteléquia (Modo 1), o organismo divino.

**** Palavra elaborada por Heráclito para traduzir um conceito redefinido por Carl G. Jung em sua Psicologia Análitica. Heráclito chamava de enantiodromia um movimento que ele julgava inerente à natureza e dava como exemplo a flecha que, para ser disparada numa direção, deveria envergar o arco ao máximo na direção oposta. Para Jung, trata-se do movimento das compensações psíquicas em que um extremo de uma polarização reverte para seu oposto absoluto. O mesmo princípio aparece repetidas vezes no Tao Te King. Enantis=oposto, dromos=pista de corrida. Enantiodromos= correr na direção oposta.

Diante dessa exposição declaro que:

1) A Queda da cultura popular para o pedantismo político e identitário é um sinal inequívoco da Grande Reversão.

2) A enantiodromia de Deus banalizado começa na mudança completa da psique humana, que passa a ver no lixo o Salvador.

3) PKD É DEUS! Dele e a partir dele tudo “explodiu” na criação do Universo, para ele e nele tudo retorna.

Somente aqueles não envolvidos pela Grande Reversão ou Andróides manufaturados pela BIP seguem incapazes de enxergá-Lo em Sua Plenitude, mantendo julgamentos moralistas ou insignificantes.

Mas, um dia, Todo Olho Verá, mesmo aqueles que o traspassaram!

Amém.

五十二恥ずかしがり屋の神

ヴァリスの目の前で

五十二

Aleph Rofer

Sem categoria

LINGUAGEM DIVINA

“Também vi sua linguagem 0-1, que descobri recentemente. Agora eu percebo que neste sistema de dois modos, ativo ou um representa um constituinte incorporado à enteléquia, e zero ou em repouso não incorporado; então a estrutura não utiliza linguagem, mas é linguagem, como afirmo em Valis: é informação viva. Ele é idioma, não o utiliza meramente. Não é apenas uma entidade pensante, mas uma entidade pensadora de linguagem; é seus próprios pensamentos (…)

Isto é um padrão imposto (o que eu chamo de arranjo). Não há corpus separado de tudo o que ele escolhe – se apodera – organiza. Portanto, em certo sentido, não tem corpo – cérebro próprio. Os constituintes então se relacionam (se ligam) entre si e depois com ele. Para fazer isso, ele (Valis) deve ser capaz de modular processos causais (de que outra forma pode impor um padrão?).

Ele tem fantástica semelhança com Ubik e com a necessidade persuasiva do Nous de Platão. “

A Exegese de Philip K Dick, Dezembro de 1979.

恥ずかしがり屋の神

ヴァリスの目の前で

五十二

Aleph Rofer

Sem categoria

AUTOCRIAÇÃO

“Mas eu mantenho a formulação feita em Valis, que a inteligência racional não criou (deu origem a) o universo, mas é um produto dele ou, mais provavelmente, o invadiu para combater sua estrutura mecanicista cega e, portanto, se opõe ao universo.

Minha prova: ele está se reunindo a partir do universo, usando partes que incorpora e organiza de forma coerente e significativa.

(…)

…ele vê o universo como caos e sei que sua visão está correta.

Reconheço uma enteléquia* de autoconstrução unitária senciente aqui, e não é o universo e nem o criador do universo, se é que existe um. É uma forma de vida de homeostase ** final (ou seja, autocriação).

Está em guerra contra o universo e seus processos cegos que são injustos e irracionais. Detém uma organização mais elevada do que qualquer coisa que conhecemos e está camuflada aqui (para nós). E é nosso mentor.

Portanto, posso dizer que sei o suficiente para agradecê-lo, amá-lo, respeitá-lo e reconhecê-lo como meu Salvador.”

A Exegese de Philip K Dick, Pasta 11, Dezembro de 1979.

* Na filosofia aristotélica, o ser em ato, ou seja; após completar seu processo de transformação. O ser plenamente realizado. En = dentro, telos= finalidade. Entelos= finalidade interior.

** Capacidade de um organismo de apresentar equilíbrio físico-químico constante e característico, mesmo diante de mudanças impostas pelo meio ambiente. Homoios= semelhante, stasis= parado. Homeostasis= permanecer parado, permanecer o mesmo.

As duas características listadas nos asteriscos explicam a “Imutabilidade” e “eternidade” de Deus e sua existência, conforme a Filosofia Aristotélica e Tomista como “Ato Puro”.

恥ずかしがり屋の神

ヴァリスの目の前で

五十二

Aleph Rofer

Sem categoria

EU SOU ZEBRA

“Pensamento hipnagógico: ‘Zebra era eu mesmo estendendo a mão.’ Este é um pensamento assustador.

Eu sou Zebra, nesse caso, o que eu sou? E as outras pessoas também são o que sou?

Então eu existo em pelo menos dois contínuos espaço-temporais (Califórnia 1974 e Síria 45) e sou pelo menos duas pessoas: Thomas e eu.

Mas a ‘perturbação no campo de realidade’ que vi – eu sou o causador disso? E todo o conhecimento, por exemplo, referente à dialética – era meu aquele conhecimento?

E a esfera armilar de automontagem usando o universo como um estoque, era eu? Sou eu?”

A Exegese de Philip K Dick, Pasta 11, Dezembro de 1979.

恥ずかしがり屋の神

ヴァリスの目の前で

五十二

Aleph Rofer

Sem categoria

MUITOS E NINGUÉM

“A história acrescenta que, antes ou depois de morrer, encontrou-se diante de Deus e Lhe disse: Eu, que tantos homens tenho sido em vão, quero ser um, ser eu. A voz de Deus o contestou de dentro de um redemoinho: Eu tampouco sou: eu sonhei o mundo como você, meu Shakespeare, sonhou sua própria obra, e entre as formas de meu sonho está você, que como eu era muitos e, contudo, ninguém. “

Jorge Luís Borges; Everthing and Nothing.

Sob o Olho de VALIS

52.

Aleph Rofer

Sem categoria

TEMPOTRAJE.

No volume cinco de Os Invisíveis, Gideon (King Mob) e o Invisível desaparecido, John A-Dreams investigam uma rachadura espaço-temporal numa igreja, uma possível abertura para o Universo B (Hiperuniverso 2, Mundos das Kelipot ou apenas o Inferno) e se deparam com uma horrenda estrutura feita de insetos, crustáceos, seres humanos e fungos crescendo como um tumor. No presente, King Mob e Ragged Robin retornam ao local em busca de John, desaparecido ao entrar na coisa, que segundo Mob era uma rachadura. Na igreja, o casal de heróis sente a presença de John todo o tempo, mas parecem estar apenas seguindo fantasmas, alucinações.

(De que lado você está?)

A imagem que ilustra essa postagem é uma “árvore filogenética” e nela vemos o surgimento da vida, todas as transformações que produzem reinos e espécies, desde fungos, vegetais, vertebrados até o homem moderno. Nessa pequena imagem, bilhões de anos estão representados pela evolução e transformação da vida.

(O jogo ainda não acabou)

No volume oito da mesma HQ, John ressurge, aparentemente ao lado dos inimigos contra quem as células Invisíveis lutam em prol da liberdade. Ele conta que aquilo que King Mob e ele encontraram na igreja era um “Tempotraje”; segundo ele: “…descartado, jogado, amassado, dobrado em ângulos que o corpo humano não forma naturalmente”. E afirma que precisou “experimentar a coisa”. Nesse momento, o ângulo muda, e vemos Lord Fanny e George, assustados, olhando não para John, mas, quebrando a quarta parede, para nós.

(Barbelith)

O Tempotraje é a árvore filogenética. Estendida, vestindo John, faz surgir o tempo, a evolução. Descartada, se amontoa e aparece como uma deformidade monstruosa. Toda vida, desde os primeiros seres unicelulares até o ser humano mais brilhante que já viveu é uma coisa só. Um mesmo habitante para uma roupa temporal, que experimenta o tempo.

Vocês, eu, todos nós.

Somos John A-Dreams.

King Mob e Robin sentem a presença dele, porque de fato ele está lá. Nós estamos lá, lendo a história. Acreditando que nada daquilo é verdade, sem recordar quem somos de fato, inconscientemente cooperando com os inimigos, os carcereiros da Black Iron Prison.

Nas últimas páginas do volume oito, Jack Frost, dirigindo-se outra vez ao leitor, lança a pergunta. Mais uma vez.

“Então, de que lado você está?”

(Our Sentence is Up)

“Já sabe?”

De que lado?

Dentro ou fora da página?

Desperte.

Sob O Olho de VALIS

52.

Aleph Rofer